Por que existem gêmeos idênticos e gêmeos diferentes?

12/09/2011 23:25

 

Por que existem gêmeos idênticos e gêmeos diferentes?

A explicação começa na fecundação, cerca de nove meses antes do nascimento...

Por: Rodrigo Venturoso Mendes da Silveira, Centro de Estudos do Genoma Humano, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo.

Publicado em 15/12/2002 | Atualizado em 03/08/2010

Por que existem gêmeos idênticos e gêmeos diferentes?

(Ilustração: Mario Bag).

Irmãos gêmeos são aqueles que nasceram no mesmo dia, da mesma mãe e que tanto podem ser iguaizinhos, a ponto de não se saber direito quem é quem, como podem ser diferentes até mesmo no sexo. Até aqui nenhuma novidade. Curioso é saber como se originam os gêmeos e por que eles podem ser idênticos ou diferentes.

A explicação começa, mais ou menos, nove meses antes do nascimento, para ser mais claro, na fecundação. Pela natureza, os seres humanos começam a se formar quando um óvulo -- célula especializada em reprodução só encontrada nas mulheres -- é fertilizado por um espermatozóide -- outra célula especializada em reprodução encontrada apenas nos homens.

Cada uma dessas células especializadas em reprodução, assim como qualquer outra célula do nosso corpo, traz uma receita chamada DNA. Apesar dessas receitas serem completas, são necessárias duas versões combinadas (a do óvulo e a do espermatozóide) para que uma nova célula tenha origem, se multiplique e forme um novo indivíduo. Logo, esse novo ser terá características da mãe, pelo óvulo, e do pai, pelo espermatozóide.

Mas e os gêmeos? -- alguém deve estar perguntando. Muito bem, vamos entender! Nem sempre o corpo da mulher libera apenas um óvulo para ser fertilizado. Às vezes, ele libera dois óvulos. Aí, um espermatozóide acaba por fecundar um óvulo enquanto um outro espermatozóide fecunda o outro óvulo. Resultado: em vez de formar uma nova célula para se multiplicar e dar origem a um único bebê, duas novas células diferentes se formam, originando dois seres diferentes entre si, porque dois óvulos diferentes foram fertilizados por dois espermatozóides distintos.

Com os gêmeos idênticos, a história é outra! Na maior parte das vezes, a mulher libera mesmo um único óvulo por vez e ele é fecundado por um único espermatozóide. Quando essa célula com as duas versões da receita (uma do óvulo e outra do espermatozóide), está pronta, ela começa a se multiplicar e forma um aglomerado de células que, por um evento raro, pode se separar em dois grupos diferentes que continuarão a se multiplicar. E, desses dois grupos de células, resultam dois novos seres que serão idênticos, porque se desenvolveram a partir de um mesmo par de receitas, ou melhor, de um único óvulo fecundado por um único espermatozóide.

Seres que têm a mesma receita, isto é, o mesmo DNA, são considerados idênticos. E, na natureza, isso ocorre no caso de gêmeos que tiveram como origem as mesmas células reprodutivas. Mas pergunte a qualquer mãe ou pai de gêmeos idênticos se eles não conseguem diferenciar bem os seus filhos, não só fisicamente, mas também pelo comportamento. Essas diferenças existem por que nem todas as nossas características estão nas receitas de nossas células. Há também as influências do meio em que vivemos.

 

Fonte: Ciência Hoje das Crianças.