Por que as cebolas causam lágrimas?

20/09/2011 10:20

 

Não chore mais por mim

A coluna No laboratório do sr. Q desvenda por que as cebolas causam lágrimas e dá a dica de como evitar isso

Por: Joab Trajano Silva, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Publicado em 16/09/2011 | Atualizado em 16/09/2011

Nativa da Ásia Central, a cebola passou a ser cultivada em várias regiões do mundo. Textos chineses, indianos e egípcios de cerca de 5 mil anos já faziam referência a este vegetal. Hoje, as receitas são inúmeras (Foto: Wikimedia Commons)

Domingo, seus pais em casa preparando um almoço. Está quase tudo pronto, quando sua mãe lembra: falta a salada! E corre para a cozinha. Minutos depois, você dá de cara com ela chorando, faca numa mão, cebola na outra. Se você já viveu uma história parecida, está na hora de entendê-la: por que será que as cebolas levam os cozinheiros às lágrimas?

As células da cebola produzem e armazenam duas substâncias de nome esquisito: o sulfóxido de S-1-propenil-L-cisteína (se você achou complicado, pode chamá-lo apenas de allina) e a allinase, uma enzima que modifica quimicamente a allina e produz o ácido 1-propenil sulfênico.

Na cebola, a allina e a allinase não reagem, porque estão em compartimentos diferentes. Mas, se a cebola é cortada, amassada ou danificada de qualquer outra forma, milhões de células são destruídas, os compartimentos são desfeitos e o ácido 1-propenilsulfênico começa a ser produzido.

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Existem muitas variedades de cebola, que se diferenciam pelo formato, cor, ardência e tamanho (Foto: Flickr)

O problema é que essa substância é rapidamente transformada por outra enzima num novo composto, o óxido de tiopropanal, conhecido como composto lacrimejante. Eis o nosso vilão, que faz arder os olhos e abrir o chororô.

O óxido de tiopropanal é volátil, ou seja, evapora rapidamente, e seus vapores se dissipam pelo ar. Quando entram em contato com os olhos, reagem com a umidade e formam pequenas quantidades de ácido sulfúrico, propanal e ácido sulfídrico, substâncias que irritam as terminações nervosas, causando ardência e coceira. Em resposta a essa irritação, as glândulas lacrimais começam a produzir lágrimas para diluir os compostos irritantes e proteger os olhos.

Se a cebola crua faz muita gente chorar, o mesmo não acontece quando a aquecemos no forno ou na panela. Quando a cebola é aquecida, o ácido 1-propenil sulfênico é transformado mais rapidamente numa outra substância, o tiossulfinato ou allicina, que, além de não fazer chorar, ainda gera um perfume de dar água na boca.

 

 

 

 Fonte: Ciência Hoje das Crianças.