Sobre o uso das areias

11/10/2011 23:30

 

Sobre o uso das areias

Saiba como as dunas podem ser usadas no turismo e na exploração mineral

Por: Liana Maria Barbosa, Laboratório de Geociências, Departamento de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Feira de Santana.

Publicado em 15/10/2002 | Atualizado em 03/08/2010

Sobre o uso das areias

(Gráfico: Nato Gomes).

Em áreas onde os ventos são constantes e de moderados a fortes -- como as regiões onde há dunas -- ocorrem diversas atividades humanas. Nesses locais, por exemplo, há condições favoráveis para a instalação de cata-ventos ou moinhos de vento. Eles usam a força dos ventos para puxar água de poços ou gerar eletricidade em usinas. No Nordeste brasileiro, há oito usinas desse tipo.

As lagoas e áreas entre as dunas, por sua vez, são usadas por criadores como pastagens para bois, vacas, cavalos, cabras e bodes. Mas os cascos desses animais removem a vegetação e fazem com que a areia torne-se mais compacta. A passagem dos rebanhos ainda acelera o deslocamento da areia na face de deslizamento das dunas.

Pode haver também exploração mineral nas dunas -- sobretudo de quartzo, usado para construir casas ou fabricar vidro. Mas, também, se pode retirar zircão, rutilo, hematita, magnetita, monazita, minerais utilizados na produção de tintas, metais etc. No entanto, a exploração mineral é capaz de gerar degradação e erosão nas dunas. Se não houver, por exemplo, replantio de vegetação, há riscos para a população e para o ambiente.

Olho vivo! 
Com uma lupa, é fácil ver o principal componente dos grãos de areia da duna eólica: o mineral quartzo! Também é possível observar que eles são arredondados, têm a superfície polida e tamanho parecido: seu diâmetro varia de 0,25 a 0,125 milímetros.

As dunas também atraem os turistas, o que favorece a ampliação das cidades situadas perto delas. O turismo exige a construção de estradas, a implementação de hotéis e de comércio. Gera, ainda, renda para os moradores da região. O problema é que os visitantes podem retirar a vegetação, jogar lixo nas dunas, atravessar as lagoas rasas, andar de carro em excesso, deixando marcas de pneus por onde passam etc.

O lixo, jogado em qualquer lugar e sem cuidado, pode favorecer a proliferação de ratos e baratas, o surgimento de doenças como hepatite e leptospirose ou a contaminação da água de poços por metais pesados -- como cádmio, chumbo, zinco -- de pilhas e baterias. Por isso, é primordial que o turista tenha consciência das agressões ambientais que ele pode causar e agir com cautela. Afinal, preservar as dunas é preciso!

 

Dicionário de dunas
Dependendo da sua forma, do comportamento dos ventos e da presença ou ausência de vegetação, a duna recebe determinado nome. Conheça algumas definições:
Duna barcana - tem forma de meia-lua.
Duna parabólica - sua forma lembra a da letra U e apresenta vegetação.
Duna de precipitação - duna que migrou e avançou sobre vegetação ou lagoa já existente.
Duna em estrela - o vento sopra sobre ela com eficiência em todas as direções.
Duna longitudinal - apresenta forma alongada. Ela tende a se alinhar de forma paralela à direção dos ventos que removem a areia.
Dunas reversas - o flanco frontal muda de lado quando há alterações na direção do vento. Portanto, em certa época do ano, a face de deslizamento está voltada para um lado e, em outra, está do lado inverso. Qualquer tipo de duna pode sofrer esse processo.


Liana Maria Barbosa, 
Laboratório de Geociências, 
Departamento de Ciências Exatas, 
Universidade Estadual de Feira de Santana

Fonte: Ciência Hoje das Crianças.